Pois é, existe muita discussão
sobre o bacalhau e, hoje, se não for Gabus Morrua, os puristas saem em passeata
protestando mais do que contra a corrupção e o PT.
Mas vamos esclarecer? Bacalhau
não é um peixe e sim um processo de conservação de peixe, utilizando o sal como
conservante, ok? Normalmente de peixes de carnes claras, pois os vikings foram
os precursores desse tipo de técnica, para levar em seus barcos conquistadores.
Nas águas geladas da Noruega, Islândia, Suécia e Dinamarca esses peixes eram
abundantes.
A partir desse entendimento,
podemos ter bacalhau de diversos tipos de peixes. Porém, os mais conhecidos por
aqui é o Rei Gabus Morrua ou do Porto (de lombo branco-amarelado, alto, com
lascas grandes e macias, ótimo para preparações assadas em lombos inteiros,
como nosso Bacalhau ao alho e ao forno na telha),o Ling, o Saithe e o Zarbo
(primos pobres e desprezados pelos “gourmets” radicais e orgulhosos), mas muito
usados para nossos deliciosos bolinhos de bacalhau, saladas, quiches, empadões,
arrozes, lasanhas, pastéis, enfim, todo tipo de preparações de recheio e que
exijam um bacalhau bem desfiado. Sabores? Cada um tem o seu e não deixam de ter
o de bacalhau. Usar Gabus Morrua para fazer bolinhos é como usar filé mignon ou
picanha maturada para fazer hambúrgueres. Tem quem faça? Tem e você paga um boi
prá comer um hambúrguer, muitas vezes sem graça. Por favor, não acredite que as
redes de fast food compram picanha para fazer hambúrgueres por 10 reais o mais
simples. Não tem sentido nem necessidade.
E eis que há mais ou menos uns 5
anos começamos a ver nos supermercados “bacalhau em lascas” e logo, sabe-se lá
quem, conseguiu que essa denominação fosse proibida. Assim ele virou: Polaca do Alaska salgada tipo
bacalhau. Sim porque é um bacalhau feito com um peixe de carne clara do Alaska.
Não é da Noruega, nem da Dinamarca, mas conservado da mesma forma e,
consequentemente, com o mesmo sabor de
bacalhau. E o melhor: Com um preço ainda menor do que os Lings, Saithes e
Zarbos e muito mais fácil de dessalgar porque está em lascas.
Numa sexta-feira dessas, fazendo
hora no Extra da Tijuca/RJ, vi uma propaganda oferecendo a Polaca por 17,90 o
quilo. Nesses tempos de preços altos, poder comprar bacalhau por esse preço é
uma chance que não podemos perder. Compro bacalhau em lascas no CADEG e, hoje,
o quilo já chegou quase aos 30 reais. Vale lembrar que as bandejas continham
cerca de 500 g cada uma, o que me fez ter 500g de peixe salgado de boa
qualidade por cerca de 9 reais.
E foi assim que essa receita
aconteceu. Peço de antemão desculpas por
tantos detalhes, mas realmente gostaria de estar ao lado de cada um, mostrando
que cada um deles é importante para que a receita dê certo e, quem sabe, ainda
poder mostrar outros que, aqui, não tenho como fazê-lo perceber. Vamos aprender?
Ingredientes:
Cerca de 500 g de lascas de bacalhau
polaca do Alaska
1 xícara de chá de grão de bico
1 xícara de chá de arroz
agulhinha
½ xícara de chá de azeitonas
pretas sem caroço e cortadas grosseiramente
Água do cozimento do grão de bico
2 dentes grandes de alho socado
com uma colher de café de sal
1 cebola média bem picadinha
½ pimentão verde bem picadinho
1 pimenta dedo de moça sem
sementes bem picadinha (opcional, você pode usar qualquer outra pimenta seca ou
“in natura”, apenas as secas tipo do reino, caiena ou calabresa use com muito
cuidado, cerca de 1 colher de café para toda a preparação)
1 maço de coentro da seguinte
forma: separar as raízes, talos e folhas e cortar. As raízes depois de picadas,
socar formando uma pasta. Das folhas, separe algumas inteiras para decorar.
3 colheres de sopa de óleo de
soja
4 colheres de sopa de azeite
virgem
Sal e pimenta do reino a gosto
200 g de batata palha para
acompanhar
Você pode não acreditar mas,
tirando os tempos de molhos, preparei esse prato em 1 hora e fiz sucesso no
Domingão!
Preparando em etapas:
Grão de bico:
1- Lave
e cubra com água fria, uns três dedos acima dos grãos e deixe de molho de um
dia para o outro.
No dia seguinte:
2- Soque um dente grande de alho com 1 colher de
café de sal.
3- Escorra
o grão de bico
4- Leve
cerca de 500 ml de água ao fogo alto para ferver
5- Leve
uma panela funda ao fogo alto e deite 1 colher de sopa de óleo e uma de azeite
virgem e deixe aquecer.
6- Deite
o alho socado, misture rapidamente, adicione metade da pimenta dedo de moça (ou
outra de seu gosto), misture novamente e junte o grão de bico mexendo novamente
e deixando refogar por cerca de 1 a 2 minutos.
7- Junte
a água fervente até cobrir 3 dedos do grão de bico. Aguarde abrir fervura novamente,
abaixe o fogo, tampe a panela e cozinhe por cerca de 10 minutos.
8- Após
10 minutos, destampe a panela, prove e, se ele estiver macio mas ainda firme,
desligue o fogo e reserve na própria panela com o caldo. Caso ainda esteja
duro, cozinhe por mais um tempinho e vá provando até chegar na textura
desejada.
Polaca:
1- Retire
da embalagem e deite numa tigela funda e grande. Lave bem e deixe de molho em
água fria abundante por cerca de 2 a 3 horas, trocando a água de 30 em 30
minutos.
2- 20
minutos antes de o tempo do molho expirar, escorra o grão de bico numa peneira
sobre uma tigela e leve ao fogo alto o caldo numa leiteira, acrescentando mais
agua até completar cerca de 700 ml e deixe ferver. Reserve o grão de bico.
3- Escorra
a polaca, despreze a água do molho e volte a polaca à tigela.
4- Após
caldo+ água ferver, jogue sobre a polaca e deixe-a mergulhada por cerca de uns
10 minutos. Escorra a polaca numa peneira sobre uma tigela e leve o caldo
novamente a uma leiteira e ao fogo.
O arroz:
1- Lave
bem o arroz, conforme indicamos em nossa receita de Arroz sem mistérios, e
deixe escorrer bem.
2- Soque
1 dente grande de alho com uma colher de café de sal, reserve.
3- Leve
uma panela funda ao fogo alto e deite 2 colheres de óleo e 1 de azeite e deixe
aquecer ligeiramente.
4- Junte
o alho socado e a outra metade da pimenta (ou outra e sua preferência), misture
bem e deixe refogar por 30 segundos.
5- Adicione
o arroz e mexa bem, abaixe o fogo e refogue por mais 30 segundos
6- Acrescente
a pasta de raízes de coentro e mexa novamente e deixe refogar por mais 30
segundos.
7- Junte
a cebola picada, mexa e deixe refogar por mais 30 segundos.
8- Acrescente
o pimentão picadinho, mexa e deixe mais 30 segundos.
9- Coloque
os talos de coentro picados, mexa e deixe mais 30 segundos.
10- Adicione
a polaca e mexa delicadamente, evitando desmanchar o peixe. Deixe refogar mais 1
minuto.
11- Acrescente
o caldo fervente até cobrir 2 dedos acima da mistura. Volte o fogo para alto,
mexa delicadamente e aguarde voltar a ferver.
12- Abaixe
o fogo, tampe a panela, e deixe cozinhar por cerca de 10 a 15 minutos.
13- Destampe
a panela e, com um garfo, afofe o arroz. Prove e, se estiver cozido, desligue o
fogo. Caso contrário, acrescente um pouquinho mais do caldo, tampe a panela e
deixe cozinhar por mais alguns minutinhos.
Montagem:
1- Leve
uma frigideira larga e funda ao fogo alto e deite 1 colher de óleo + 2 colheres de azeite e deixe
aquecer.
2- Junte
o grão de bico, mexa bem e deixe refogar por uns 30 segundos e abaixe o fogo.
3- Delicadamente,
adicione o arroz com a polaca e misture com cuidado.
4- Salpique
a metade das folhas de coentro picadas, as azeitonas e misture novamente.
5- Prove
e, se necessário acerte o sal e a pimenta.
6- Apague
o fogo, salpique a outra metade do coentro e sirva imediatamente, ladeado com a
batata palha.
Essa receita rende muito, dá tranquilamente para 6 pessoas comerem de repetir!
Essa receita rende muito, dá tranquilamente para 6 pessoas comerem de repetir!
E aí? Vai deixar de comer
bacalhau somente porque ele não é Gabus Morrua?
Arrumadinho para uma apresentação gourmet de primeira |
De pertinho, pois achei muito bunitim assim! |
O jeito rústico de apresentar, mas também direitinho e tão saboroso quanto! |
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