Hoje abri minha geladeira e me
deparei com um monte de restinhos fadados ao lixo. Eram Eles:
Chuchu com ovos pochê da Dna.Alice, abóbora madura refogadinha, arroz com lentilhas e creme de milho verde,
pedacinhos dos seguintes queijos: provolone, muçarela de búfala, muçarela
normal e parmesão e também tinha meia pack de creme de leite e uma xícara de
leite integral. Cada restinho tinha pouco mais que uma xícara de chá, sendo que
os queijos não passavam de 2 xícaras todos juntos. Ainda tinha 3 ovos grandes.
E agora? O que fazer? Esquentar e
servir com arroz e feijão? Não.
Vivo repetindo aqui que os
grandes pratos da culinária aconteceram pela necessidade e por acaso de quem
era simples, pobre e precisava aproveitar o que tinha a mão. Os exemplos e
histórias são inúmeros e o suflê faz parte disso.
E vemos programas tipo Masterchef
dando como desafio os participantes fazerem um suflê, o que nos dá a impressão
de algo muito, mas muito, difícil e específico.
Tá. Depois que o pobre francês
juntou seus restos, fez uma gororoba tipo angu duro, juntou os pedacinhos
velhos de queijos que tinha, mais um pouco de creme de leite ou mesmo leite,
uma farinha de trigo prá gororobar bemmm,
e mais as gemas de ovos, que depois bateu as claras em neve e misturou,
levando ao forno colado na lareira que servia para esquentar a casa e cozinhar
seu “pot au feu” (cozido de carne dura e legumes que leva horas para ficar
pronto, ideal para quem sai cedão pra lida e volta com fome, melhor do que
delivery), muita coisa aconteceu.
Vieram os mestres da cozinha e
sofisticaram essa coisa, vendendo caro o prato e a receita.
Mas no fundo no fundo é mesmo uma
forma de aproveitar restos franceses.
Os franceses são ótimos em
valorizar tudo o que são e têm e eu admiro demais isso. Quisera nós brasileiros termos essa
capacidade. Nossa!! Francês nenhum seria tão chic!
Mas voltando aos meus restos,
resolvi fazer um suflê.
Peguei uma panela larga e
funda e despejei todos os restos de
legumes e o arroz com lentilhas e passei o mixer. Podia ter usado o
liquidificador, mas o mixer é mais rápido e simples.
Liguei o fogo e deixei esquentar.
Enquanto isso, ralei todos os
restos de queijo na parte grossa do ralador e reservei.
Peguei meia xícara de leite e uma
colher de sopa de farinha de trigo e misturei bemmm!
Quando a mistura no fogo começou
a ferver, juntei o leite com a farinha e mexi bem, até levantar fervura de
novo. Abaixei o fogo e acrescentei o resto de creme de leite. Mexi e apaguei o
fogo.
Comecei a bater as claras em
neve.
Depois de uns 5 minutos, acrescentei
ao creme os queijos e mexi, para eles derreterem e misturar bemmm.
Como tudo que juntei já tinha
sido salgado, temperado e cozido, provei apenas para acertar o sal e não foi
preciso.
Dei mais uns 5 minutos (e
enquanto isso, batia as claras) para o creme ficar morno e, depois, juntei as
gemas, mexendo bem de novo para elas agregarem bem ao creme.
Com as claras em neve, adicionei
metade ao creme e mexi de baixo para cima, delicadamente, até incorporar tudo.
Juntei a outra metade e fiz o
mesmo processo ainda mais delicadamente.
Liguei o forno em 180/200ºC e fui
preparar os ramequins e uma forma maior, pois o negócio rendeu viu?
Peguei 6 ramequins e uma forma redonda inox, besuntei
com manteiga e enfarinhei.
Adicionei o creme em cada
recipiente, deixando uns dois dedos abaixo da borda.
Levei ao forno pré-aquecido por
uns 20 minutos e ... Voilá! Essa lindeza aí das fotos!
Se você quiser fazer de cenouras,
chuchu, brócolis, espinafre, apenas tem que cozinhar os legumes para obter cerca
de 4/5 xícaras de chá e ter, pelo menos, 1 ½ xícara de queijos. Lembre-se: o
creme tem que ficar com consistência de angú duro, uma gororoba mesmo.
Já o famoso suflê de queijo é
motivo para outra receita, pois tem pulos de gato diferentes.
Comemos: eu, minha mãe, fiz uma
marmita para minha filhote vegetariana e ainda sobrou pro lanche.
E se ainda sobrar, vai virar sopa
creme de legumes e queijos. Vou somente passar o mixer de novo e acrescentar
água ou leite.
Desse jeito respeitei: A
história, as pessoas que trabalham duro para trazer todos esses alimentos à minha
mesa, o meu dinheirinho suado, o meu tempo precioso e o meio ambiente.
E tudo gostosinho e diferente!
Ah! As técnicas dos grandes
mestres? Nossa! São mesmo complicadas. Tem que fazer um bechamel, tem que
cozinhar legumes específicos e passar no passador de legumes francês, tem que
ter “herbes de Provence”, tem que ter queijos específicos e a temperatura pode
variar entre 178,9ºC e 198,7ºC. Tão chic, tão específico, tão técnico para
chegar no mesmo lugar: A necessidade e a simplicidade!
Vive la France!
Depois que esfria ele murcha, mas no momento da foto estavam quentinhos! |
Como o forno não é industrial, alguns saíram mais moreninhos outros somente douradinhos. Um charme! |
Bem de pertinhoooo! |
e ainda deu esse grandão aí! |
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